por Leonardo de Alencar Barbosa Fleming*
Até o final do ano de 2007, acreditava que o maior problema da sociedade acreana era a falta de comida dentro de algumas casas. Porém, no início do ano seguinte me mostraram que era de outra fome que o Município padecia: a FOME DE CULTURA. Foi em 2008 que participei da minha primeira Reunião de Câmara Temática de Movimentos Sociais, aonde cheguei com muitas idéias para passar e discutir junto com os participantes. No entanto, começaram a falar de Conselheiros Municipais de Cultura, Fundo Municipal de Cultura, etc. e nada de Comida nas mesas dos Cidadãos Rio-branquenses. Sai da reunião mais para baixo do que “bunda de pulga”, pois fiquei imaginando como esse povo fica falando de “identidade cultural”, “saberes e fazeres de nossa região”, etc., sendo que existem centenas de famílias passando fome. Achei que essa turma da FGB eram todos sem noção.
Mas no decorrer do ano de 2008 continuei participando das reuniões e comecei a entender que se a GENTE (produtores culturais, agentes culturais) criar Políticas Culturais Coletivas, pensando sempre na massa, acabaremos com essa FOME que todos temos pela CULTURA. Quando isso acontecer, a População entrará automaticamente num processo de desenvolvimento da saúde, economia, segurança, geração de renda e direitos humanos. No momento em que tivermos Cultura em qualquer lugar, para qualquer idade, sexo, cor; não existirá mais FOME tanto de comida como de outra área, amenizando assim a maioria de nossas necessidades.
Alguns dizem que isso é utopia da minha parte, acreditar que a melhoria de toda uma Cidade está num único viés. Se é utopia ou não, não sei dizer. Mas acredito e defendo com unhas e dentes meus ideais.
Por acreditar nessa potencialidade da Cultura, participo de todas as reuniões da Câmara Temática de Movimentos Sociais (sou atual representante titular da mesma), participo das reuniões das câmaras Temáticas de Produtores Culturais, participei da Conferência Municipal e Estadual de Cultural. Assim, acredito estar envolvido em todas as ações e decisões positivas e negativas que vem acontecendo em nossa cidade na construção das Políticas Culturais. Nunca me senti com tanta influência e domínio para mudar a realidade de nossa Cidade.
Em conseqüência disso, surgiu a ONG Comunidade Corrente do Bem – CCBEM, que faz trabalhos de Inclusão Cultural associado com ações Sociais, Direitos Humanos, Geração de Renda, Educação, etc.. Trabalhamos com crianças, adolescentes, adultos e melhor idade. Realizamos Cursos de Artesanatos no Conjunto Tucumã, Pinicão do Tucumã, Jardim Primavera e Centro Cultural Lydia Hammes, além de realizamos Feiras de Rua e Festas.
Tudo isso nasceu das Reuniões da Câmara Temática de Movimentos Sociais, transformado em realidade através de Projetos para a Lei de Incentivo a Cultura e Fundo Municipal de Cultura, com apoios de pessoas físicas e jurídicas.
Mas a minha participação não acontece apenas nos dias das reuniões. Sei que às vezes sou muito chato, pois vou quase diariamente na Fundação Garibaldi Brasil tirar dúvidas, fazer pesquisas, me orientar ou às vezes apenas para ver a turma. Ate brinco dizendo que “vou colocar meu endereço na FGB, pois passo mais tempo lá do que em casa”. Mas a verdade é que tomei posse do espaço, das ações e das Políticas Culturais. O que eu mais queria era que todos os Conselheiros sentissem a mesma coisa pela Cultura.
Quero deixar bem claro que não tenho bagagem na música, nunca escrevi um livro, não sou de famílias tradicionais, mas de uma coisa tenho certeza: estou com muita FOME DE CULTURA.
Que o ano de 2010 tenha muito Trabalho para todos os Fazedores de Cultura, para que nossa Sociedade seja mais feliz.
Um agradecimento de todos da CCBEM!
* Leonardo é Presidente da CCBEM, Conselheiro Municipal de Cultura, Titular da Câmara Temática de Movimentos Sociais e Produtor Cultural.
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