O turismo é uma atividade que ganhou espaço em debates e no cotidiano das políticas públicas de Rio Branco. Na construção do Plano Municipal de Cultura, turismo inserido em Patrimônio Cultural possui uma câmara temática com 98 membros de diferentes setores do turismo. Acadêmicos, turismólogos, tecnólogos, empresários, guias, condutores, associações (ABRASEL, ABAV, ABIH) etc. Durante as discussões para o Plano de Cultura surgiram muitas preocupações, uma vez que a discussão sobre turismo nessa região é muito recente. As políticas públicas para o turismo ainda são falhas e muitos pontos estão sendo esquecidos, como inclusão social.
O momento é pensar políticas públicas para o turismo de forma coletiva. Devemos pensar no cotidiano da população que vive em Rio Branco. O turismo deve ser planejado com a comunidade local, no sentido de promover melhores condições de vida para os cidadãos. Como vamos desenvolver um turismo que traga retorno positivo para o município se no seu planejamento a comunidade não está inserida como consumidora de tais serviços, bens, manifestações etc.? Esse problema não é regional, é um problema do Brasil. Um país que constrói políticas públicas para turismo pensando no viajante que pode vir e trazer um retorno financeiro é pensar numa população que pode perder características naturais, culturais e sociais. Pensar o turismo nesse aspecto de retorno financeiro rápido é perder o futuro. O turismo deve ser planejado e trabalhado como sub-plano, após trabalhos sociais e culturais para/por seu povo.
Nós, como profissionais de turismo, devemos trabalhar pensando em primeiro lugar, em quem será beneficiado com isso: os pequenos produtores culturais (a comunidade que habita a região) ou as grandes empresas que acabam se instalando aqui? O turismo é uma atividade rica de possibilidades, porém, para ele ser positivo precisa se dar a partir da comunidade, essa comunidade precisa ter como garantia uma vida digna com direitos constitucionais assegurados como: educação, saúde, trabalho, segurança etc. O turismo, antes de tudo, tem que ser uma necessidade da população local.
*Texto publicado na revista "Outros Mozaicos da Cidade Nascente", produzida e lançada em dezembro de 2008, pela Fundação Garibaldi Brasil
Um comentário:
Exatamente! Antes de mais nada o turismo deve ser pensado e planejado de dentro para fora, e não o contrário, como acontece em muitos casos. E os envolvidos no processo devem estar cientes da delicadeza e diversidade que caracteriza o turismo, essa "coisa tão cheia de braços".
Parabéns pelo texto.
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