Relatório de Gestão CMPC e Fale Conosco

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Problematizações Patrimoniais

Elane Cristine*

O desafio cultural acontece em todos os segmentos, sem exceções. Para me expressar fiz um recorte da transcrição de uma das fitas usadas em um encontro de cultura, indagando sobre a questão do patrimônio cultural no Acre.

“...As angústias que são da população do Acre são as angústias do Departamento do Patrimônio Histórico e Cultural do Acre, são as angústias de todos os Departamentos Nacionais e são as angústias do IPHAN. Sonia Rabelo disse que as coisas mais difíceis de se trabalhar é o animal e a cultura.

O Problema do Patrimônio é que a gente acaba trabalhando como psicólogo, sociólogo, arquiteto e tudo ao mesmo tempo. Nas questões relacionadas ao Acre, a gente não pode chegar numa comunidade e falar assim: ‘pô, aquilo era maravilhoso que vocês faziam e vocês têm que voltar a fazer de novo’.

A arte não pode ser oficial, a gente não pode chegar e falar que eles vão ter que fazer isso. A gente não pode induzir ninguém. Outra coisa, a gente vai induzir? Não vai ser necessário, porque não vai ser de boa vontade, tem que partir porque é natural da comunidade. A cavalhada, por exemplo, depois de 35 anos voltou a existir na cidade de Sena Madureira, em 1999.

Tem que falar das revistas, falar de tentar buscar a revitalização principalmente da criação/formalização da questão do Acre, com sírios-libaneses, seringueiros, negros, ribeirinhos, indígenas e outros. Você quer abrir um Museu, legal vai deixar lá?! Como é que você vai capacitar as pessoas? Como vai manter?

Para nós pesquisadores da área cultural, o importante é saber como foi, como está e como vocês querem que esteja daqui pra frente, pra que a gente tenha um Departamento que sirva de banco de dados, para que daqui a alguns anos a gente tenha o maior número de manifestações pelo menos catalogadas...”.

(Durante mesa redonda “Patrimônio Material e Imaterial. Convenção sobre a proteção e a promoção da diversidade das expressões culturais”, em 27 de julho de 2007, durante Encontro Regional - A Cultura Popular no Imaginário Amazônico. Porto Velho – RO)

*Pesquisadora e cantora

4 comentários:

Anônimo disse...

O material o imaterial e qualquer coisa serve, tanto faz como tanto fez.Afinal para que serve tantos seminários e debates sobre Patrimônio se na hora das indicações dos cargos não se observa a bagagem cultural dos indicados.

É verdade que vai assumir o Patrimônio Cultural do Estado do Acre, uma mulher que administrava a área de saúde, e que não entede patavina de Patrimônio? Meninos,acho que os representantes do Conselho do Estado têm que ficar de olhos bem abertos em certas indicações, já perdeu uma batalha na indicação do representante da FEM...será inglória a luta da turma da cultura nesse governo, se perder mais essa.

Anônimo disse...

A luta é contínua e independe de governos. É verdade que tem governos que dão mais ouvidos para a turma que tá com a mão na massa cultural, fazendo coisas importantes para o desenvolvimento social e econômico dessa terra.É verdade também que existe governantes que se acham o próprio: " O Estado sou eu".
Um dia todas as forças conspirarão para que o dia amanheça com passarinhos cantando alegremente nos jardins da cultura acreana, assim como deseja o locutor da da Voz das Selvas. Vamos à Conferência,apesar de compartilharmos sempre de processos cujos rumos são,em algumas medidas,imprevisíveis. Mas vamos lá, enfatizar pontos de acordo possível.

Anônimo disse...

Patrimonio, seja material ou imaterial é necessário sua preservação, mas preservar para quem e para que? é preciso que se busque a utilização condizente desses espaços, não apenas como vitrines para mostrar o quanto somos bairristas e honrados em sermos acreanos. Precisamos valorizar o que temos de melhor que é nossa gente, nossos agentes culturais, mesmo que digam que não vale a pena participar de uma conferencia que já tem suas diretrizes definidas. Ainda assim e mesmo que não sejamos ouvidos, vamos falar pra ver se assim conseguiremos "destampar" os ouvidos de nossos governantes.

Anônimo disse...

Honradez, material e imaterial.

Gente honrada,gente humilde
precisa de espaços condizentes,
pequenas canoas, porém em grande quantidade para que cada grupo no seu tempo, faça a viagem para vender sua produção.
Gente honrada, gente humilde precisa de grandes mercados e bons preço para vender sua produção: feita de borracha, de argila de cipó, de verde, de água, de semente, de canto, de gestos, e de fé.