Relatório de Gestão CMPC e Fale Conosco

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O que você vai fazer hoje?*

Muitas vezes, ouvimos e dizemos pela cidade que “aqui nunca se tem nada para fazer”. Quem nunca passou aquela tarde de sábado, ou noite de terça-feira pensando: “Putz, que tédio...”? Mas basta fazermos uma rápida leitura em blogs, colunas sociais, páginas de jornal e sites relacionados à cultura para constatar que não é bem assim. Os eventos estão por aí, e, se levarmos em conta a população de Rio Branco, estão longe de ser poucos. Então surge outra questão: por que ainda temos a sensação de que não temos opções culturais?

Uma hipótese é que já estamos acostumados a não termos alternativas de lazer. A produção cultural cresceu muito nos últimos anos. É engraçado, mas o público não acompanhou essa expansão. Não temos o hábito de assistir uma peça de teatro no sábado, ou aquele show de músicos que toquem suas próprias obras. Queremos algo, mas não reparamos no que já existe.

Outra razão é a falta de dinheiro para acessar as produções. Mas até que ponto isso é verdade? Muitas atividades já são disponibilizadas gratuitamente. Além disso, a minuta do PROFIC prevê um mecanismo novo que é o “Vale Cultura” que, trocando em miúdos, é algo como um “ticket-alimentação para a cultura”. Essas ações servem para popularizar e desmistificar a imagem que as produções culturais doem em nossos bolsos.

Mas isso basta? Não. É preciso chegar aos mais diversos lugares da cidade. Não podemos fazer do Centro o único terreno cultural. Mesmo porque isso é uma total incoerência, tendo em vista que a real cultura rio-branquense acontece de fato é nos bairros.

E o que tem de bom para se fazer? A quantidade de cineclubes cresceu muito na cidade. Hoje, temos os cineclubes: do Centro Cultural Thaumaturgo Filho, Batelão, da Filmoteca da Biblioteca Pública Acreana, Cinemacre, do SESC/Centro e Aquiry (um valioso retorno). O bacana é que eles têm conversado entre si para fornecer programações que não entram em conflito de horários e temas. É uma iniciativa inteligente, boa tanto para o público, quanto para os próprios cineclubistas.


As artes plásticas também vêm conquistando seu espaço. Exposições de fotografias, pinturas, painéis etc. estão tomando conta de espaços públicos – inclusive os mais informais. Quem vai tomar a sua cervejinha pode, volta e meia, conferir os trabalhos fotográficos ao seu redor. Alguns barzinhos descobriram o potencial contido no incentivo à cultura. E cultura não precisa ser apresentada nos moldes “esnobes”, pela qual muitas vezes é associada.

Shows, saraus e, até mesmo, rodas de amigos já são dominadas há tempos pela música – principalmente de bandas que reproduzem sucessos de músicos famosos. Mas de uns tempos para cá, a música autoral vem conquistando um importante espaço. Essa tendência tem incentivado o processo de criação da cara da música acreana. E o melhor de tudo é que ela é muito boa e diversificada.

Literatura é outro segmento bem lembrado. Você é escritor? Pois o Prêmio de Literatura Acreana Garibaldi Brasil está aí para dar mais espaço para suas obras. E aquele livro que você precisa custa muito caro? Procure na Feira do Sebo da Fundação Garibaldi Brasil, porque lá é baratinho... E poucos lugares na cidade são tão aconchegantes quanto a Casa de Leitura da Gameleira.

Os 3.247 caracteres utilizados acima não deram conta de falar de tudo que tem rolado por Rio Branco. Vejam só: aqui tem o que se fazer sim! A capital do Acre respira cultura, mesmo que nem sempre note isso. Ir aos eventos e acontecimentos culturais só incentiva ainda mais que se criem mais. Mas, e aí? Vai sair para aproveitar o que temos ou ficar em casa reclamando da falta de opção?!

*Este texto foi publicado originalmente na coluna "Cultura RB" no jornal Página 20

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