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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Cultura Popular*

Antonio Lima - Quadrilheiro há 16 anos, titular da Câmara Temática de Cultura Popular e membro da Liga de Quadrilhas Juninas do Acre

A cultura popular entrou em minha vida desde cedo. Então, tive e tenho o prazer de vivenciá-la a cada instante de forma que me traz grandes reflexões a cada dia sobre ela e nossa realidade. Sendo resultado de uma interação contínua entre pessoas de determinadas regiões. Nascendo da adaptação do homem ao ambiente onde vive e abrangendo inúmeras áreas de conhecimento: crenças, artes, moral, linguagem, idéias, hábitos, tradições, usos e costumes, artesanato, folclore e muitos outros.

Fico feliz cada vez que vejo uma quadrilha junina ensaiando, em um horário alternativo e envolvendo várias pessoas de diferentes classes sociais (desde crianças até a 3ª idade) em diversas comunidades, pois percebo a ação sócio-cultural existente. Claro que as outras manifestações têm a mesma ação, por exemplo: Marujada, Pastorinhas, Blocos de carnaval, Fanfarras e outros.

Quem faz cultura popular percebe que a sistematização não está tão presente, pois a emoção do fazer e do participar é contada e ensinada de pai pra filho. É portanto um conhecimento empírico baseado no conhecimento popular, onde quem participa na origem dessa produção não precisa ter, necessariamente, como critério inicial conhecimento científico sistematizados.

Há alguns anos, percebeu-se que o avanço tecnológico vinha tornando as tradições populares cada vez menos comuns. Porém, com a persistência das tradições populares por verdadeiros mestres da cultura, estamos juntamente com o poder público tentando criar políticas públicas voltadas à cultura. Tudo isso levando em consideração as realidades existentes para a ação dessas manifestações populares.

Estão sendo implantados os Sistemas de Culturas no âmbito nacional, estadual e municipal. O município de Rio Branco já está avançado nesse contexto. Temos as Leis que criaram o SMC e o CMPC – Conselho Municipal de Políticas Culturais, do qual eu, juntamente com algumas pessoas da cultura popular, fazemos parte. Com o SMC e o CMPC, as discussões sobre as problemáticas do fazer cultural, através das câmaras temáticas e fóruns, se tornaram mais freqüentes. Assim, mesmo que lentamente, estamos procurando detectar as verdadeiras problemáticas que emperram o fazer cultural. As discussões dentro da Câmara Temática de Cultura Popular mostram uma realidade de que nós produtores de cultura popular precisamos nos organizar para solucionar os principais problemas.

Percebi dentro dessa nova realidade, com o SMC e CMPC, que a cultura popular é bem mais ampla do que eu imaginava. E a diversidade dessa manifestação é tanta que precisamos compactuar nossos saberes artísticos. Dessa forma, estamos fortalecendo nossas tradições e respeitando nossa cultura.


*Texto publicado na revista "Outros Mozaicos da Cidade Nascente", produzida e lançada pela FGB em dezembro de 2008.

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