Relatório de Gestão CMPC e Fale Conosco

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Sobre a última oficina ...

Um debate, uma reflexão e uma conversa sobre cultura, direito e cidadania e outras coisas mais. Assim foi a oficina que fechou o Ciclo de Oficinas para construção do Plano Municipal de Cultura. Infelizmente, a ordem das oficinas não foi definida de acordo com a sua temática, e sim, conforme a disponibilidade de cada ministrante. A oficina Cultura é Direito e Cidadania aconteceu nos dias 24 e 25, na Biblioteca da Floresta.

Juliano fez apresentação artística durante atividade

O professor José Márcio, que ministrou a Oficina Cultura é Direito e Cidadania, defendeu que sua oficina deveria ter acontecido logo após a de Gestão Pública e Cultura, com o professor Antônio Albino. De qualquer forma, esta última oficina pode ser caracterizada como a mais reflexiva e participativa de todas. Talvez pelo tema não muito objetivo. Talvez pelos conselheiros já estarem mais envolvidos no tema depois de terem participado das oficinas anteriores.

“Parabenizo a FGB por mostrar como se constrói política pública para a cultura. Esse processo é um exemplo de como se tratar a cultura como política, de como centralizá-la e colocá-la no seu lugar”, disse o professor.


De acordo com Marcos Vinícius, presidente da FGB, o ciclo finaliza com grandes conquistas. “Tem sido muito interessante observar a constante presença de algumas pessoas, que formam a face mais visível dessa construção. Uma das maiores vantagens desse processo, foi a possibilidade de enxergar muitas faces que a gente não via na cultura de Rio Branco, ou seja, a revelação das mais diversas faces que não se viam como sujeitos da construção de políticas públicas para a cultura. Sem dúvida, saímos dessas oficinas mais fortes e mais conscientes do que queremos para a nossa cultura”, afirmou.

A conselheira Aucinete Damasceno – Cecé, falou como representante do Conselho Municipal de Cultura. “É uma grande honra receber esses especialistas em políticas públicas culturais para nos ajudar a trilhar os melhores caminhos para o nosso fortalecimento”.


Para se discutir cultura, direito e cidadania, o professor José Marcio explicou a importância de se reconhecer o papel fundamental da cultura na vida em sociedade. “Antes de se pensar em formas de desenvolvimento da sociedade, é preciso assumir a centralidade da cultura, só depois disso pensar em transformações, que serão melhores e com menos impacto”.

A oficina começou com um debate polêmico sobre o Rio Acre. Na opinião do professor, os investimentos na cultura rio-branquense devem começar lá. Como a sociedade tem utilizado o rio? Passeios de jestiki, canoa, transporte, banhos...

Ao se discutir cidadania, foi possível passear em cada uma das outras oficinas. Vimos que Cidadania é uma via de mão dupla. Cidadania não é só reclamar e votar. Cidadania é mais do que um regime de eleição e definição de coisas. “Esse processo que estamos vivendo diz respeito a todos que não estão aqui. Não estamos aqui para resolver o meu ou o seu problema. Se vocês estão apenas experimentando, se a gente achar que cidadania é cada um defender o seu, nós estaremos brincando de cidadania...” explicou o professor.


Experiência e Conhecimento

Você, conselheiro que participou das Oficinas, como transformou esse processe em experiência e conhecimento? Para se fortalecer, se unir, se qualificar os seus conhecimentos sobre cultura? Experiência é o resultado da qualidade que se estabelece no vivenciar e não na quantidade de coisas vividas. A experiência adquirida durante as oficinas não é medida por hora de reunião, mas pela qualidade da maneira de como nos relacionamos durante elas. “A idéia de cultura e cidadania é o que estamos fazendo agora, neste momento”, disse o ministrante.

De acordo com José Márcio, a cultura deve estar na pauta do desenvolvimento humano, sem cultura não há cidadania. É possível ainda, oferecer uma dimensão econômica que reconhece a cultura como geradora de emprego, salários e renda. “A cultura não é um aperitivo na vida da gente. A cultura é central e essencial, não pode ser tratada como acessório, pois revela a lógica que rege as nossas relações”.

José Márcio falou das diversidades e particularizam a cultura brasileira. “Não adianta nos conhecermos como um país criativo e com muitas diversidades, se não sabemos com que fazer com essa criatividade ou diversidade”, diz. Ele falou ainda das desigualdades do país. “Alguns vivem mais a sua cultura do que os outros. Uns vivem mais o consumo da indústria cultural, enquanto que outros estão mais sujeitos a viver a sua própria cultura. A idéia é fazer com que todos reconheçam e vivam a sua própria cultura”.

Falamos ainda sobre tradição. Tradição é uma questão de tempo? Não. Tradição é aquilo que venceu a batalha do tempo e não caiu no esquecimento. É aquilo que tem atualidade, e o que não tem atualidade cai no esquecimento. E nessa discussão, entra a identidade. A identidade é um mapa que nos ajuda a nos localizar no tempo e no espaço.


Simplicidade e Competência

É simples o fato de o homem do interior interpretar as nuvens? “O que torna a coisa simples é a nossa competência”, diz José. Segundo ele, a simplicidade é o que há de mais complexo na existência humana. O homem do interior lê o vento, assim, ele foi capaz de agregar a sua cultura ao seu conhecimento (que é complexo) de forma tão forte que enxergamos com simplicidade. “Devemos olhar para a cultura de forma crítica e efetiva, caso contrário a cultura vai continuar em segundo plano. Além disso, o conhecimento exige uma ruptura com os estereótipos, pré-conceitos e opinião”.

O professor falou ainda do Turismo. “Vocês têm o privilégio de não viver em um potencial turístico. Vocês têm a chance de pensar que tipo de relação entre turismo e cultura vocês querem. É claro que nós temos que desenvolvê-lo, mas fico curioso e preocupado com o que vocês vão fazer com o turismo aqui”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei da atenção que você deu para a oficina do professor José Márcio, Gisele...
Pena que muitos conselheiros e agentes da cultura local não puderam participar. Foi uma aula maravilhosa sobre cidadania e direitos culturais. Saímos felizes e transformados. Torço para que sejamos também transformadores... Mas, vamos lá para o Seminário do PNC. AbraÇÃO! Eurilinda