É preciso integrar a comunidade na gestão cultural. Devemos, para tanto, promover intervenções culturais por toda cidade, destacando os artistas populares dos bairros, as histórias de nossa gente, convocando as pessoas a se manifestarem artisticamente, a verem a flor escarlate do jambeiro, os tijolos das ruas, como parte da nossa cultura. São tantos talentos escondidos por aí...!!!
Desse modo, a Cultura não pode ser discutida apenas no âmbito da Fundação de Cultura do Município ou com meia dúzia de artistas intelectualizados que tiveram um pouco mais de oportunidades de acesso a bens culturais: à literatura, ao cinema, às artes em geral. A Cultura deve ser discutida por todos nós. Deve ser levada aos ribeirinhos, aos rurais, a toda gente. A cultura acreana é marcada pela oralidade, pelas histórias repassadas tradicionalmente de pais para filhos. Nós, acreanos, somos detentores de uma herança cultural diversa, assim como é biodiversa a natureza da nossa região. A cultura faz parte da “nossa natureza” humana.
Afora as críticas (pertinentes, até) de alguns artistas que consideram o Sistema Nacional de Cultura como sendo uma imposição, de cima para baixo, do Governo Federal; que o Esporte e o Turismo não devem fazer parte das discussões sobre Cultura; eu, particularmente (e nem sou funcionária pública), vejo como bastante salutares as discussões que antecedem a 1ª Conferência Municipal de Cultura - uma realização que merece o crédito da sociedade acreana e, mais que isso, que deve ser agendada como um compromisso relevante para os dias 26 e 27 de outubro, momentos nos quais, na plenária da Conferência, as discussões suscitadas nos seminários preparatórios devem ser referendadas pelos presentes.
A metodologia aplicada na Conferência, esta sim, pode e deve ser questionada caso não assegure a participação real da sociedade na definição de rumos para a Cultura local. No mais, é só permitir que as pessoas se expressem livremente e sintam-se parte do processo.
Para finalizar quero, então, chamar a atenção para alguns pontos que julgo fortalecer nossa identidade cultural, quais sejam: o ambiental; os diversos falares locais; a participação das associações comunitárias; a memória popular; a ocupação cultural dos espaços públicos; a comunicação; o controle social; as escolas de artes e ofícios, só para citar alguns. Isto porque, é importante termos em mente que um povo que não valoriza a própria cultura é como um peixe fora d’água, ou seja, não sobreviverá por muito tempo.
Nesse sentido, espero que avancemos um pouco mais nessa discussão e que o poder público e a população reconheçam na Cultura o caminho ideal para a construção da cidadania (cultural) plena.
Em breve, na Lua cheia, nos encontraremos na Conferência de Cultura onde discutiremos mais amiúde sobre o tema. Até lá. Sharacapá.
*Produtora cultural, ambientalista e pesquisadora
Foto: Cecé.
3 comentários:
Essa cabeça de boneca e a cerca de arame farpado parece cena de filme de terror de filmes para crianças. Ou Será alguma premunição sobre a Canferência? Cabeças irão rolar? Xará.
na certa depois que o marquinhos conhecer melhor certos assessores violentos com a língua.
Violentos e com suas línguas grandes, de tal forma, que quando morrerem a língua vai num caixão e o corpo em outro!Será?
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