Relatório de Gestão CMPC e Fale Conosco

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

A Cultura, a Conferência, a Administração Pública - Parte 1

Alcinete Damasceno, Cecé*

Acompanhei, nos últimos dois anos, o processo de construção de uma proposta de Cultura para o município de Rio Branco desencadeado pela Fundação Garibaldi Brasil. Não participei de todas as discussões que foram realizados no decorrer do período, no entanto, em conversas individuais com artistas e fazedores de cultura da cidade, percebi neles uma satisfação em poder discutir, sugerir e, principalmente, poder manifestar opiniões sobre o que seria bom para as comunidades, carentes de atividades culturais.

Essas atividades deveriam contribuir para o desenvolvimento intelectual, artístico, social, filosófico da sociedade, apresentando preocupações com o meio ambiente, com o patrimônio coletivo e, naturalmente, oportunizando individualmente a descoberta e a manifestação da verve artística, tão presente no nosso povo.

A Cultura não pode ser compreendida, apenas, como um produto comercial, vendável, para a elite da sociedade e/ou oferecida tão somente aos mais abastados, que abrilhantam espaços públicos refinados, exibindo belas e caras roupas de grife. Devemos reivindicar e garantir que a Cultura, que é um direito fundamental, seja acessível a todo cidadão, independentemente da condição social. O acesso à cultura é um direito do cidadão e um dever do Estado, por isso, é obrigação dos gestores públicos cumprirem e fazerem cumprir toda e qualquer atividade que abrigue a Cultura, esteja ela (cultura) focada ou não.

Uma obra de saneamento e revitalização de bairros, por exemplo, não pode deixar de contemplar um viés onde a cultura esteja inserida no início, meio e fim. Senão, de que adianta tanto gasto de recursos públicos para enterrar canos, construir galerias para receber os esgotos, asfaltar ruas, construir postos de saúde, praças, quadras esportivas, centros comunitários, e sobre estes últimos sempre mal administrados onde a comunidade pouco tem acesso, se em pouco tempo tudo será destruído pelos próprios moradores?

Tenho inúmeros elementos para fazer esse comentário porque há mais de dez anos trabalho em comunidades aqui no Acre e em outros estados brasileiros, desenvolvendo projetos de mobilização social. Esses projetos contemplam três eixos prioritários, que geram uma ciranda de idéias, a partir da observação in loco e de conversas individuais com os comunitários, são eles: Cultura, Comunicação e Meio Ambiente.

Estas são ações que se coadunam e devem coexistir para que tenhamos uma sociedade consciente da sua breve passagem em vida pela terra e para que a sustentabilidade do Planeta não seja apenas retórica inútil. O povo quer participar e participa quando é convidado a dar opinião.

O prefeito de Rio Branco - AC, Raimundo Angelim, acreano, sensível aos problemas da cidade, deveria sugerir e cobrar com veemência que a equipe que o auxilia na administração municipal valorizasse mais o componente cultural como ferramenta essencial para o desenvolvimento de uma sociedade crítica, que se sinta parte co-responsável pela gestão pública.

2 comentários:

Anônimo disse...

Até a Conferência, Sharacapá!Lá sim vai ser o pega prá capá! que a lua cheia esfrie os nervos dos afoitos.Xará.

Anônimo disse...

isso é que nível, cece, parabens!