*Enviado ao blog por Zé Leite
Embora tenhamos conquistado o direito de indicar os nossos administradores públicos há algum tempo, intermediado por períodos de autoritarismo “explicito”, somente nos últimos anos é que estamos exercendo o direito de participar ativamente na gestão pública através dos vários mecanismos como: os conselhos de áreas, os fóruns setoriais e as câmaras temáticas.
Mais do que participar, estamos determinando uma nova dinâmica para o conceito de estado, onde o sistema constituído nas diferentes áreas de atuação tem uma composição que definitivamente abre espaço para que a população seja também ator neste processo e não apenas expectador como sempre ocorreu.
Alguns setores como: saúde, educação e assistência, por estarem com suas categorias mais organizadas e por terem um forte clamor popular, conquistaram os seus espaços e já podem construir uma agenda onde se pode observar claramente a aproximação cada vez maior entre as demandas e as aplicações dos recursos públicos. E mais ainda: com o permanente acompanhamento da sociedade civil organizada e uma fiscalização responsável.
Acompanhando esta lógica, o município de Rio Branco desencadeou um processo que tem como objetivo construir um Sistema Municipal das Ações Culturais, entendido como princípio norteador que dentro desta conceituação estarão presentes as seguintes áreas: Artes, Esporte e Lazer, Turismo e Patrimônio Cultural.
Esta formatação difere do que temos visto em outras instâncias (federal e estadual) onde, temos sistemas independentes para Cultura, Esporte e Lazer e Turismo, que não raramente se mostram conflitantes na definição de seus espaços e áreas de atuação.
Por isso, esta proposta em discussão, muito embora venha provocando um debate acalorado, pode ao final do seu processo, demonstrar que temos muito mais pontos de convergência do que imaginamos.
Uma das questões que pode ser resolvida neste modelo é a adequação de segmentos que têm inserção em diferentes áreas, como a capoeira, a dança, entre outros, e permitir que possamos discutir as suas dimensões e suas áreas de atuação. Não é um trabalho fácil, pois as divergências são antigas e talvez por isso estejamos tão fragilizados, disputando espaços uns com os outros e esquecendo que as nossas ações são complementares e não opcionais.
Esta leitura fica mais clara quando verificamos que especialmente nas regiões urbanas, a Cultura vem apresentada intelectualizada e nas regiões centrais dos municípios com os teatros, casas de espetáculos e museus e o Esporte e Lazer com um entendimento popular e na periferia, com os seus campos de futebol e suas “escolinhas” de esporte. Sem falar no Turismo que é uma palavra proibida para as populações mais carentes, que quando saem dos seus espaços é para fazer visitas cada vez mais raras aos seus parentes ou na busca de serviços públicos não disponíveis em suas comunidades.
Vemos nesta construção a oportunidade de aperfeiçoar os poucos recursos que estes segmentos vêem recebendo nos orçamentos públicos e definitivamente nos colocarmos na agenda de prioridades. Não queremos e não podemos esperar que sejam atendidas todas as outras demandas, importantes sim, mas que não devem nos colocar no final da fila de espera como tem acontecido.
Desta maneira a convocação para uma mobilização destas áreas se faz necessária e que o debate possa nos mostrar as melhores alternativas. Mas, se ao final das discussões sentirmos que o melhor caminho seja a criação de sistemas independentes, então poderemos valorizar mais as ações dos demais segmentos pelo exercício do debate e por conhecermos melhor suas atuações, suas carências e necessidades.
Neste contexto, precisamos discutir o Esporte e Lazer e situá-lo no seu resgate histórico, sua intervenção, suas perspectivas e importância no modelo de sociedade que desejamos construir.
Creio que antes de qualquer coisa, precisamos contextualizar o esporte que existiu na Grécia Antiga o seu formato inicial, onde tínhamos evidenciado duas grandes manifestações: como modalidade de educação e entretenimento com seus jogos e as militares com suas competições e a origem do que viriam a ser as olimpíadas.
O esporte moderno no modelo que vemos atualmente teve seu inicio no século XIX, na Inglaterra, apresentava uma função pedagógica e continha duas perspectivas: Rendimento (treinamento e competição) e Associações (base para a formação dos clubes esportivos).
O esporte na atualidade é visto como um dos fenômenos sociais mais importantes, até pelo fato de ter grande influência em nosso cotidiano. Nesta trajetória o esporte, por seu potencial pedagógico, foi e está sendo utilizado de várias e com diferentes finalidades.
Mas foi a partir da Carta Internacional de Educação Física e Esportes (UNESCO/78), que as atividades esportivas passam a ser entendidas como “Direito de Todos”. Nesta perspectiva, a favor de valores sociais é onde o Esporte passa a ser compreendido por meio de manifestações como: Esporte Educação (Educacional); Esporte Participação e Lazer (Social) e Esporte Performance ou Rendimento (Profissional).
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