Relatório de Gestão CMPC e Fale Conosco

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A cultura e o inverno amazônico

Ou: Levo ou não o guarda-chuva?

Ontem eu trouxe o guarda-chuva e não choveu. Hoje, resolvi deixá-lo em casa, e olha só o “toró” que tá! É sempre assim. Se surpreender porquê?

Cancelem ou apressem os projetos a céu aberto. Ou, se for o jeito realizar nessa época e em local sem cobertura, vamos jogar farinha no quintal desenhando um sol; amarrar lenço no pé da mesa; colocar um garfo dentro de copo com água; deixar um ovo lá fora e cantar para Santa Clara e São Pedro... E utilizar mais um monte de outros remédios que não sei de onde são e se funcionam ou não.

Na verdade, não sei se há muito o que fazer contra as chuvas do inverno amazônico a não ser procurar aproveitá-las sabe-se lá como – cada um tem o seu jeito, afinal. Também não sei bem dizer que tipo de cultura é essa – dessas crenças e desses costumes - sei que, no nosso Cadastro, ela se encaixa em Patrimônio Cultural.

E por falar em Cadastro, é durante esse clima de chuvinha que vem e vai do nada, enquanto a Câmara de Vereadores avalia o nosso Sistema de Cultura, que o pessoal da Fundação Garibaldi Brasil esquenta a cabeça para construir as molduras desse nosso mecanismo.

Esse mecanismo de reconhecimento da cidadania cultural e de gestão das políticas de cultura, que vai organizar e disponibilizar informações sobre os diversos fazeres culturais, bem como sobre seus espaços e fruidores.

O Cadastro vai reunir dados qualitativos e quantitativos sobre a realidade cultural do município, viabilizando a pesquisa, a divulgação, a busca por informações culturais; a contratação de artistas e serviços de entidades culturais, além de auxiliar o planejamento e a avaliação das políticas de cultura.

Essa ferramenta terá a função, ainda, de identificar agentes, comunidades e entidades até aqui não incluídas nas políticas de cultura do município, além de regulamentar o acesso a fontes de financiamento.

Junto com o pessoal do Departamento de Tecnologia de Informação da Prefeitura, estamos discutindo e aperfeiçoando a metodologia desse mecanismo. Ele já foi todo afinado durante a Conferência, sim, claro. Mas quais serão os dados exigidos para o futuro cadastrado?

Cada área e artista têm a sua particularidade, o que acaba exigindo um cadastro ou um questionário diferente. É preciso estudar, analisar e refletir. Estamos falando em Esportes, Artes e Patrimônio Cultural. Falamos em modalidades, segmentos, tipos de culturas... Falamos de um universo de características, jeitos e estilos diferentes. É uma tarefa ousada, isso é.


Mas, independente disso, cada um vai continuar tendo o seu jeito de ser, e é aqui onde está a graça da cultura. A sua liberdade para agir, pensar, acreditar ou desacreditar. Alguém me disse que, no lugar da farinha para espantar a chuva, o correto é usar sal. No entanto, o Seu Aldenor – sim, sim, o seringueiro do Parque Capitão Ciríaco – disse que não, que sal faz é chamar mais chuva!

É, a cultura tem dessas coisas. Dessas coisas que a gente não sabe bem explicar, quanto mais cadastrar assim tão fácil.

5 comentários:

Silmarinha disse...

A cultura tem dessas coisas...
Muitas vezes tivemos ou temos práticas que nem percebemos que fazem parte do fazer cultural.
E nesse caso, estou recordando-me dessa prática de jogar farinha no terreiro para que a chuva passasse, simplesmente para correr e brincar no quintal.
Assim, muitas e muitas outras pessoas possuem fazeres e saberes que precisam estar contemplados nas políticas culturais, através de instrumentos como o é o caso do cadastro.

Vejo, que através de um trabalho construído com a sociedade (como foi o caso do SMPC), cada vez mais pessoas, irão se ver neste espaço - que se chama Cultura.

Eurilinda disse...

Bom mesmo, na hora da chuva, difícil escolher... - deitar numa rede, ler um bom livro, 'bater um dedo de prosa' com um bom contador ou uma boa contadora de causos, ou mergulhar nos antigamentes da infância e se fartar de tomar banho, comer manga madura,correr (de pé no chão) pelas ruas - brincando de manja, barra ou bandeirinha, nadar (açude, igarapé ou rio), levar bronca da mãe e tomar banho morno de cozimento pra não resfriar. Depois da chuva, o bodó (com muito açúcar com canela) completa o prazer...

Anônimo disse...

Pô Linda, parece que éramos vizinhos. Cê lá em Xapuri e eu aqui na Capoeira de Rio Branco. Só esqueceu, ou não quis revelar, posto que comprometedor para uma exemplar menina de xapuri, aquela gostosa brindadeira de "Pêra, uva ou maçâ". (joão veras)

Anônimo disse...

Deixe de ser inxirido... Cabra!

Janaína disse...

Minha gente, cadê a nota de rodapé? Quem é o autor do texto?