Relatório de Gestão CMPC e Fale Conosco

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Letras para sempre*


“Livros não envelhecem” é o slogan da Feira do Sebo, montada pela Fundação Municipal de Cultura Garibaldi Brasil. Você pode não acreditar, mas muitas pessoas não sabem do que trata uma feira do sebo. Ainda é algo novo para nós, acreanos. Então, para quem não sabe, é o seguinte: feiras do sebo, ou apenas sebo, são espaços onde são comercializados produtos culturais usados – porém, em bom estado de conservação – como livros, gibis, vinis, cd’s, entre outros. Os preços são baixos, em relação aos novos. Além da compra e venda, também é comum a prática da troca. É um verdadeiro mercado cultural, mas com um ar diferente de qualquer loja comum. As conversas que rolam nos sebos exalam cultura.

Bem, voltemos ao slogan. Na prática, soa meio absurdo falar que os livros não ficam mais velhos. Nada resiste ao tempo. Na verdade, quase nada. Sabedoria resiste. Mudam as “certezas” e alguns conceitos, mas a sabedoria se renova e permanece. E os livros acendem luzes em cabeças. Ou alguém considera Nietzsche inútil? Shakespeare desnecessário? Mas não podemos nos limitar aos livros, porque no sebo também estão presentes outras linguagens, como a dos vinis e CDs, que também acendem luzes em cabeças...

Viu? A parte melhor dessa história de sebo é a possibilidade de consumir bens culturais com pouco dinheiro. E neste ano, a Feira do Sebo da FGB começou na programação da I Bienal da Floresta do Livro e da Leitura, como parceria entre FGB e FEM. Outro fruto dessa parceria foi o lançamento do II Prêmio de Literatura Garibaldi Brasil. No ano passado, o concurso fez com que diversos escritores, principalmente os iniciantes, tirassem suas obras das gavetas e participassem do Prêmio. A homenagem ao centenário de nascimento do nosso Garibaldi virou um celeiro de novos talentos.


E pra não sairmos dessa conversa sobre as letras – sim, porque quando escrevemos os textos da coluna Cultura RB, reproduzimos o bom bate-papo de varanda –, a Câmara Temática de Literatura vem caminhando, junto às demais, na construção do Plano Municipal de Cultura. As reuniões juntam a vanguarda e os consagrados escritores da capital. E têm dado o que falar... A própria programação da Bienal foi abordada em algumas dessas reuniões, o que gerou uma solicitação formal dos conselheiros da Câmara à FEM para que tivessem o direito de sugerir algumas alterações no formato do evento. Afinal de contas, do que adiantaria fazer a Bienal, sem levar em consideração a opinião de quem vive literatura?

E, ao contrário do que pensa a maioria, a literatura em Rio Branco pulsa. No I Prêmio foram mais de 150 inscrições e 304 trabalhos apresentados. A revelação foi entre os jovens escritores, que estiveram presentes nos primeiros lugares de quase todas as categorias. Pois é, a literatura não para no tempo, está sempre se renovando. Em ciclos que permitem que os livros não envelheçam, as idéias se renovem e as letras continuem, como num conto de fadas, para sempre.


*Texto publicado originalmente na coluna Cultura RB no jornal Página 20

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