Relatório de Gestão CMPC e Fale Conosco

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Minha memória faz de mim o que sou*

Ou seja, acreano do pé rachado

Você já parou para pensar sobre como e por que existem as nossas memórias? O que fez aquela frase não sair da minha cabeça? Ou de onde vem essa sensação boa que surge sempre que passo na rua onde fui criado? Cientistas, médicos e filósofos podem apresentar teorias, estudos ou pensamentos, mas elas pouco importam se as compararmos com a importância da memória em si. Vide o desespero daqueles que sofrem de amnésia...

Assim como as pessoas, as sociedades também têm suas memórias. No caso da sociedade, a memória está nos museus, na literatura, nas lendas, nos costumes, na arquitetura das casas, e em mais uma infinidade de pequenas grandes coisas. Se, para um sujeito, o cheiro de terra molhada remete a lembranças de sua infância, nas sociedades, os patrimônios materiais e imateriais fazem o papel de fortalecer identidades, singularidades de outrora.

Para conservar os patrimônios, o Estado criou algumas leis e mecanismos, como o tombamento, que protegem a memória. Porém, temos que ressaltar a necessidade de, assim como exige o processo democrático, a sociedade participar dessa questão em uma parceria ou co-responsabilidade - via de mão dupla - com os governos.

Não basta que as leis existam. Fazê-las funcionar é obrigação também do cidadão, tanto valorizando os espaços quanto cobrando dos governos que atuem de acordo com as reais necessidades da população. No sentido legislativo, esse processo de conservação está no caminho certo. Falta a noção de fazer parte em nossa maneira de agir.

Quando criança, você perguntou sobre como o seu nome foi escolhido? A grande maioria dos leitores, certamente, responderá que sim. E acredite, experiências que sabemos de épocas em que não tínhamos consciência do que se passava no mundo, também moldam nosso jeito de ser.

Você se sente responsável pelos patrimônios de sua cidade? Não?! Pois, se parar um pouco para refletir, verá que deve sim se preocupar. Mesmo que inconscientemente, é isso que faz de um, carioca, amazonense, paranaense, paulista ou acreano. Posso não ter conversado com Plácido, ou acompanhado a construção do Palácio Rio Branco, mas me sinto parte desse processo. Por isso sou acreano – e que me desculpem os vanguardistas ortográficos, mas vou demorar a aceitar escrever o bendito “i” para definir os nativos do Acre.

*Texto publicado originalmente na coluna Cultura RB no jornal Página 20.

2 comentários:

Janu Schwab disse...

Mas quem assina esses textos em primeira pessoa?

FGB disse...

Os textos da coluna semanal "Cultura RB" são assinados pela instituição Fundação Municipal de Cultura Garibaldi Brasil. Em geral, são produzidos pelo Setor de Comunicação, mas sempre passam pelas maõs de vários membros da FGB, a fim de discutir algum tipo de ideia ou alteração nos textos. A linguagem em primeira pessoa é uma prática que se faz necessária apenas para tornar o texto mais informal e mais próximo das pessoas ligadas à cultura em Rio Branco. Sabemos que a prática não é comum, pois se trata de uma instituição, mas essa é a intenção: tornar a FGB como mais um "velho amigo". Esperamos que sua dúvida tenha sido esclarecida, e convidamos você a sempre comentar em nosso blog e, até mesmo, contrubuir com conteúdo. Abraços.