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quinta-feira, 16 de abril de 2009

Entrevista sobre literatura infantil com Henrique Silvestre

Literatura infantil é onde, geralmente, as pessoas iniciam as ligações com o universo da literatura. Nem por isso, ela deve ser boba e fraca de conteúdo em relação à literatura adulta. É o que pensa o professor de Teoria da Literatura e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Acre, Henrique Silvestre. Hoje, dia 16, ele coordenará um bate-papo sobre literatura infantil no SESC/Centro, a partir das 19h, com entrada franca. Acompanhe essa entrevista para o blog Cultura RB, que é apenas uma amostra do que virá no encontro de logo mais.

Quais as suas expectativas sobre o bate-papo a respeito de literatura infantil?

Henrique Silvestre:
O mote que eu pretendo desenvolver é a relação entre a literatura infantil e a leitura, ou seja, eu quero abordar sobre as questões relacionadas à formação de leitor. Pretendo enfocar um pouco em todas as relações estabelecidas entre o mundo infantil com o mundo adulto e o mundo literário. Ver de que maneira a literatura pode contribuir com a formação desse leitor.

Quais autores você destacaria no universo da literatura infantil?

HS: Bom, eu pretendo começar evocando a figura do Monteiro Lobato, afinal de contas, a Semana do Livro está relacionada ao aniversário dele. Monteiro Lobato deu uma contribuição fundamental para a constituição do que a gente conhece hoje como a literatura infantil brasileira. É um autor que não se pode deixar de lado quando se fala de literatura infantil no Brasil e no mundo. Ele foi tão importante para a literatura infantil brasileira e internacional quanto foi o Christian Andersen, um dos maiores autores da história. Além de Lobato, irei me estender falando sobre autores contemporâneos, sempre mostrando a relação da produção deles com a formação do leitor.

A literatura infantil pede alguns cuidados especiais na linguagem utilizada?

HS: Em relação à linguagem do texto literário para crianças, é aí que reside o grande problema e o grande perigo e também a grande diferença. Essa linguagem, muitas vezes, é confundida com uma linguagem pedagógica. Quer dizer, isso não deve acontecer porque a literatura não tem essa finalidade e a literatura infantil não é diferente da literatura adulta, a ser pelo fato que ela deve ser lida pela criança. Porém, a qualidade não se diferencia. A linguagem literária está um pouco acima dos direcionamentos da linguagem pedagógica. A literatura infantil deve manter as características da criança, o que não significa que deve haver um empobrecimento da linguagem.

Muitas crianças buscam os livros após do contato com a contação de histórias. Como o senhor enxerga esse processo em que a oralidade aproxima da escrita?

HS: Nós temos uma tradição oral bastante acentuada, então, ouvir histórias é sempre uma atividade prazerosa, sendo criança ou não. Eu sempre coloco a contação de histórias como uma estratégia para atrair o público infantil ou, até mesmo, o adulto para o mundo dos livros. A contação de histórias pode mostrar a porta de entrada para caminho da literatura, desde que não fique só nela. Obviamente, não estou excluindo a possibilidade de ouvir uma história por ouvir e se maravilhar com isso. Afinal de contas, nossos antepassados faziam isso sem nenhum problema. Ouvir uma história é sempre prazeroso, mas isso deve direcionar para a cultura do livro.

Um comentário:

Eloí Bocheco disse...

Gostei demais desta entrevista com o professor Henrique Silvestre.
Muito rica e interessante.
Eloí Bocheco