Relatório de Gestão CMPC e Fale Conosco

sexta-feira, 16 de maio de 2008

A loucura da cultura palpável

Ou: Os loucos também amam. Saiba, sinta e faça!

Quem nunca chamou um ator cultural de louco e justificou como loucura o seu fazer? É que quem faz cultura pode fazer tudo, qualquer coisa ou nada. Livre assim. De forma invejável, criativa e porém arriscada e completamente pirada.

E na Idade Média, o discurso dos loucos não podia circular como o dos outros. Era considerado nulo, palavras sem significância e utilidade. Mas podia acontecer também o contrário, ser considerado um discurso capaz de pronunciar até o futuro, enxergando aquilo que a sabedoria dos outros não podia perceber. Ou era nada ou simbolizava a mais astuciosa das razões.

Aqui, os atores culturais têm voz que não é a do silêncio ou a das inverdades. Eles saltam de grandes altitudes, atravessam cidades, passam 90 minutos brigando para jogar uma bola na rede, se lambuzam de tinta, passam horas decorando falas e dias enfurnados em escavações. Eles inventam cores, passos e cenários, vasculham coisas dos nossos antepassados e fazem disputa até debaixo d´água.

E no seu fazer louco ou não, eles fazem a vida acontecer. E usam toda a esperteza, espírito de disputa e a intimidade com as palavras para brigar pelo que lhe é de direito. Pelo melhor uso do que é público. E são ouvidos como detentores de mágicos poderes e de coragem e percepção para dizer verdades escondidas.


E assim, eles se articularam pela melhoria da qualidade dos seus trabalhos. Os atores culturais de Rio Branco querem mais cursos, seminários, palestras e oficinas para as suas áreas. Eles querem produzir e fazer circular os seus bens culturais. Querem viajar, trocar experiências e dar visibilidade à cultura rio-branquense.

Em busca dos seus objetivos, eles participam de várias e várias e várias reuniões do Sistema Municipal de Cultura e começam a alcançar um lado palpável do processo. Os atores culturais, por sua organização, envolvimento e reivindicação pelo que o fazer cultural de Rio Branco precisa, serão contemplados na próxima semana com novos Editais de Cultura, focados em itens de acordo com a demanda e necessidade do público.

Uma conquista que implica saberes, fazeres, sentimentos e, principalmente, amor pelo seu trabalho. Para fazer bem. Louco, mas racional e consciente. Já dizia um velho ditado popular: “de artista e louco todos nós temos um pouco”. Alguns artistas podem até discordar, dizer que a arte é para todos e que, aliás, loucos todos, mas artistas só alguns.

Controvérsias à parte (que são muito mais que normais), já conquistamos outros territórios desconhecidos durante essa expedição que é implementar um novo Sistema Municipal de Cultura, o que nos deixa loucos para continuar. Participe! A cultura é de todos nós.

Nenhum comentário: